O que são transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta?

(Texto extraído na integra do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais 5.ª edição ou DSM-5, acrescento apenas com algumas considerações ao final)

Rosemeire Rocha Fukue
Psicóloga clínica e Neuropsicóloga
rosefukue@gmail.com

Os transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta são descritos no Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais 5.ª edição (DSM-5), como uma categoria que incluem condições que envolvem problemas de autocontrole de emoções e de comportamentos. O DSM-5 descreve outros transtornos que também podem envolver problemas na regulação emocional e/ou comportamental, mas os transtornos inclusos nesta categoria são exclusivos no sentido de que esses problemas se manifestam em comportamentos que violam os direitos dos outros (p. ex., agressão, destruição de propriedade) e/ou colocam o indivíduo em conflito significativo com normas sociais ou figuras de autoridade. As causas subjacentes dos problemas de autocontrole das emoções e do comportamento podem variar amplamente entre os transtornos apresentados nesta classificação e entre indivíduos pertencentes a determinada categoria diagnóstica.
Na categoria dos transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta estão inclusos:
ü  Transtorno de oposição desafiante;
ü  Transtorno explosivo intermitente;
ü  Transtorno da conduta;
ü Transtorno da personalidade antissocial (descrito no capítulo "Transtornos da Personalidade");
ü   Piromania;
ü  Cleptomania;
ü  Outro transtorno disruptivo, do controle de impulsos e da conduta especificado;
ü  Transtorno disruptivo, do controle de impulsos e da conduta não especificado.
Embora todos os transtornos inclusos nesta categoria envolvam problemas na regulação tanto emocional quanto comportamental, a fonte de variação entre os transtornos é a ênfase relativa que é dada a problemas nesses dois tipos de autocontrole. Por exemplo, os critérios para transtorno da conduta focam principalmente comportamentos pouco controlados que violam os direitos dos outros ou que violam normas sociais relevantes. Muitos dos sintomas comportamentais (p. ex., agressão) podem ser resultado de emoções mal controladas, como a raiva. No outro extremo, os critérios para transtorno explosivo intermitente focam principalmente a emoção mal controlada, explosões de raiva que são desproporcionais à provocação interpessoal ou a outro tipo de provocação ou a outros estressores psicossociais. Intermediário no impacto entre esses dois transtornos está o transtorno de oposição desafiante, no qual os critérios são distribuídos de maneira mais uniforme entre as emoções (raiva e irritação) e os comportamentos (questionamento e desafio). Piromania e cleptomania são diagnósticos utilizados com menos frequência que se caracterizam por baixo controle de impulsos relacionado a comportamentos específicos (provocar incêndios ou furtar) que aliviam a tensão interna. Outro transtorno disruptivo, do controle de impulsos e da conduta especificado é uma categoria que envolve condições nas quais há sintomas de transtorno da conduta, transtorno de oposição desafiante, ou de outros transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta, porém o número de sintomas não atinge os limiares diagnósticos para nenhum dos transtornos mencionados nesta categoria, mesmo havendo evidência de prejuízo clinicamente significativo associado a tais sintomas. Todos os transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta tendem a ser mais comuns no sexo masculino do que no feminino, embora o grau relativo da predominância masculina possa ser diferente entre os transtornos e em um determinado transtorno em idades diferentes. Os transtornos deste capítulo tendem a se iniciar na infância ou na adolescência. Na realidade, em situações muito raras, o transtorno da conduta e o de oposição desafiante surgem pela primeira vez na idade adulta. Há uma relação do ponto de vista do desenvolvimento entre o transtorno de oposição desafiante e o da conduta no sentido de que a maior parte dos casos de transtorno da conduta teria preenchido previamente critérios para transtorno de oposição desafiante, ao menos nos casos em que o transtorno da conduta surge antes da adolescência. No entanto, a maioria das crianças com transtorno de oposição desafiante não irá desenvolver transtorno da conduta. Além disso, crianças com transtorno de oposição desafiante estão em risco de desenvolver outros problemas além do transtorno da conduta, incluindo transtornos de ansiedade e depressão.

Muitos dos sintomas que definem os transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta são comportamentos que ocorrem, em alguma medida, em indivíduos com desenvolvimento típico (normais). Portanto, é extremamente importante que a frequência, a persistência, a pervasividade nas situações e o prejuízo associado aos comportamentos indicativos do diagnóstico sejam considerados em relação ao que é normal para a idade, o gênero e a cultura da pessoa antes de se determinar se são sintomáticos de um transtorno. Os transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta foram vinculados a um espectro externalizante comum associado a dimensões de personalidade denominadas desinibição e (inversamente) retraimento e, em menor grau, afetividade negativa. Essas dimensões compartilhadas da personalidade poderiam explicar o alto nível de comorbidade (doenças associadas), entre esses transtornos e sua freqüente comorbidade com transtornos por uso de substâncias e com transtorno da personalidade antissocial. No entanto, a natureza específica das diáteses compartilhadas que formam o espectro externalizante permanece desconhecida.

No Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM 5), podemos encontrar todos os critérios para diagnóstico de cada um dos transtornos citados. Para nós psicólogos e outros profissionais da saúde acredito ser muito útil no dia-a-dia ter esse conhecimento a mais, por ser uma forma de ampliar nosso olhar acerca do indivíduo que muitas vezes nos procura muito angustiado sem entender o que está acontecendo com ele ou com um familiar (filho, marido, esposa e etc). Mas cabe lembrar que o profissional mais indicado para fazer o diagnóstico é o médico psiquiatra. No caso do Transtorno de Conduta e Transtorno de Oposição Desafiante o psiquiatra infantil é o mais indicado por serem transtornos mais comuns na infância e adolescência, apesar de também serem encontrados em adultos, com menor prevalência, a maioria dos casos de adultos preenchem critérios diagnósticos para Transtorno da Personalidade antisocial. 


    Nós psicólogos, através do olhar clínico e ou avaliação neuropsicológica e ou psicológica vamos levantar a hipótese diagnóstica e para esta ser confirmada precisamos encaminhar ao médico especializado. Tendo a confirmação do diagnóstico é indicado estabelecer uma parceria no tratamento, entre o psicólogo, médico e demais profissionais envolvidos, além claro da família e próprio paciente. Essa parceria é essencial para melhores resultados no tratamento, pois a mediação quando indicada pelo médico irá melhorar os sintomas, ela por si só não resolverá o problema. 


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