O que é Transtorno de Conduta? E quais são os critérios diagnósticos de acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais 5.ª edição ou DSM-5?
(Texto extraído do Manual de Diagnóstico e
Estatística dos Transtornos Mentais 5.ª edição ou DSM-5, acrescento apenas uma pequena introdução e algumas
considerações ao final)
Rosemeire Rocha Fukue
Psicóloga clínica e Neuropsicóloga
rosefukue@gmail.com
Transtorno de Conduta consiste numa série de problemas comportamentais e
emocionais apresentados por algumas crianças e adolescentes em que causam
diversos problemas ao meio em que vivem e as pessoas com quem convivem. Em
geral há um padrão repetitivo e persistente de conduta agressiva, desafiadora e
anti-social se envolvem em atividades perigosas e até mesmo ilegais. Uma das
características mais marcantes é a ausência de empatia, ou seja, não se
importam com os sentimentos dos outros nem apresentam sofrimento psíquico por
atos moralmente reprováveis.
Segundo o DMS 5 para se
fazer o diagnóstico de Transtorno de Conduta (TC) tem que haver:
A. Um padrão de
comportamento repetitivo e persistente no qual são violados direitos básicos de
outras pessoas ou normas ou regras sociais relevantes e apropriadas para a
idade, tal como manifestado pela presença de ao menos três dos 15 critérios seguintes, nos últimos 12
meses, de qualquer uma das categorias adiante, com ao menos um critério
presente nos últimos seis meses:
Agressão
a Pessoas e Animais
1. Frequentemente provoca, ameaça ou intimida
outros;
2. Frequentemente inicia brigas físicas;
3. Usou alguma arma que pode causar danos
físicos graves a outros (p. ex., bastão, tijolo, garrafa quebrada, faca, arma de
fogo;
4. Foi fisicamente cruel com pessoas;
5. Foi fisicamente cruel com animais;
6.
Roubou durante o confronto com uma vítima (p. ex., assalto, roubo de
bolsa, extorsão, roubo à mão armada);
7. Forçou alguém a atividade sexual.
Destruição
de Propriedade
8. Envolveu-se deliberadamente na provocação de
incêndios com a intenção de causar danos graves;
9. Destruiu deliberadamente propriedade de
outras pessoas (excluindo provocação de incêndios).
Falsidade
ou Furto
10. Invadiu a casa, o edifício ou o carro de
outra pessoa;
11. Frequentemente mente para obter bens
materiais ou favores ou para evitar obrigações (i.e., “trapaceia”);
12. Furtou itens de valores consideráveis sem
confrontar a vítima (p. ex., furto em lojas, mas sem invadir ou forçar a
entrada; falsificação).
Violações
Graves de Regras
13. Frequentemente fica fora de casa à noite,
apesar da proibição dos pais, com início antes dos 13 anos de idade;
14. Fugiu de casa, passando a noite fora, pelo
menos duas vezes enquanto morando com os pais ou em lar substituto, ou uma vez
sem retomar por um longo período;
15. Com frequência falta às aulas, com início
antes dos 13 anos de idade;
B. A perturbação comportamental causa prejuízos
clinicamente significativos no funcionamento social, acadêmico ou profissional.
C. Se o indivíduo tem 18 anos ou mais, os
critérios para transtorno da personalidade antissocial não são preenchidos.
Determinar
o subtipo:
Tipo
com início na infância: Os indivíduos apresentam pelo
menos um sintoma característico de transtorno da conduta antes dos 10 anos de
idade.
Tipo
com início na adolescência: Os indivíduos não apresentam
nenhum sintoma característico de transtorno da conduta antes dos 10 anos de
idade.
Início
não especificado: Os critérios para o diagnóstico de
transtorno da conduta são preenchidos, porém não há informações suficientes
disponíveis para determinar se o início do primeiro sintoma ocorreu antes ou
depois dos 10 anos.
Especificar
se:
Com
emoções pró-sociais limitadas: Para qualificar-se
para este especificador, o indivíduo deve ter apresentado pelo menos duas das
seguintes características de forma persistente durante, no mínimo, 12 meses e
em múltiplos relacionamentos e ambientes. Essas características refletem o
padrão típico de funcionamento interpessoal e emocional do não apenas ocorrências
ocasionais em algumas situações. Consequentemente, para avaliar os critérios
para o especificador, são necessárias várias fontes de informação. Além do auto
relato, é necessário considerar relatos de outras pessoas que conviveram com o
indivíduo por longos períodos de tempo (p. ex., pais, professores, colegas de
trabalho, membros da família estendida, pares).
Ausência
de remorso ou culpa: O indivíduo não se sente mal ou culpado
quando faz alguma coisa errada (excluindo o remorso expresso somente nas
situações em que for pego e/ ou ao enfrentar alguma punição). O indivíduo
demonstra falta geral de preocupação quanto às conseqüências negativas de suas
ações. Por exemplo, não sente remorso depois de machucar alguém ou não se
preocupa com as conseqüências de violar regras.
Insensível
- falta de empatia: Ignora e não está preocupado com os
sentimentos de outras pessoas. O indivíduo é descrito como frio e
desinteressado; parece estar mais preocupado com os efeitos de suas ações sobre
si mesmo do que sobre outras pessoas, mesmo que essas ações causem danos
substanciais.
Despreocupado
com o desempenho: Não demonstra preocupação com o
desempenho fraco e problemático na escola, no trabalho ou em outras atividades
importantes. Não se esforça o necessário para um bom desempenho, mesmo quando
as expectativas são claras, e geralmente culpa os outros por seu mau
desempenho.
Afeto
superficial ou deficiente: Não expressa sentimentos nem
demonstra emoções para os outros, a não ser de uma maneira que parece
superficial, insincera ou rasa (p. ex., as ações contradizem a emoção
demonstrada; pode “ligar” ou “desligar” emoções rapidamente) ou quando as
expressões emocionais são usadas para obter algum ganho (p. ex., emoções com a
finalidade de manipular ou intimidar outras pessoas).
Especificar
a gravidade atual:
Leve:
Poucos, se alguns problemas de conduta estão presentes além daqueles
necessários para fazer o diagnóstico, e estes causam danos relativamente
pequenos a outros (p. ex., mentir, faltar aula, permanecer fora à noite sem
autorização, outras violações de regras).
Moderada:
O número de problemas de conduta e o efeito sobre os outros estão entre aqueles
especificados como “leves” e “graves” (p. ex., furtar sem confrontar a vítima,
vandalismo).
Grave:
Muitos problemas de conduta, além daqueles necessários para fazer o
diagnóstico, estão presentes, ou os problemas de conduta causam danos
consideráveis a outros (p. ex., sexo forçado, crueldade física, uso de armas,
roubo com confronto à vítima)
Subtipos
Existem três subtipos de transtorno da conduta
que se baseiam na idade de início do transtorno. O início poderá ser estimado
com mais precisão a partir de informações fornecidas tanto pelo jovem quanto
pelo cuidador; frequentemente essa estimativa tem uma discrepância de dois anos
para mais em relação ao início real. Os dois subtipos podem ocorrer nas formas
leve, moderada ou grave. Um subtipo de início não especificado é atribuído nas
situações em que não há informações suficientes para determinar a idade de
início. Geralmente, no transtorno da conduta com início na infância, os
indivíduos são do sexo masculino, costumam apresentar agressão física contra
outras pessoas, têm relacionamentos conturbados com pares, podem ter tido
transtorno de oposição desafiante precocemente na infância e normalmente têm
sintomas que preenchem critérios para transtorno da conduta antes da puberdade.
Muitas crianças com esse subtipo têm também transtorno de déficit de atenção/
hiperatividade ou outras dificuldades do neurodesenvolvimento concomitantes.
Indivíduos
com o tipo com início na infância são mais propensos a
ter o transtorno da conduta persistente na vida adulta do que aqueles com o
tipo com início na adolescência. Em comparação a indivíduos com o tipo com
início na infância, os com transtorno da conduta com início na adolescência são
menos propensos a apresentar comportamentos agressivos e tendem a ter relações
mais habituais com seus pares (embora, com frequência, apresentem problemas de
conduta na companhia de outras pessoas). Esses indivíduos são menos propensos a
ter o transtorno da conduta persistindo na vida adulta. A proporção
masculino/feminino com o transtorno é mais equilibrada para o tipo com início
na adolescência do que para o tipo com início na infância.
Especificadores
A minoria dos
indivíduos com transtorno da conduta apresenta características necessárias para
o especificador "com emoções pró-sociais limitadas". Os indicadores
desse especificador são aqueles que muitas vezes foram chamados de traços
insensíveis e desprovidos de emoção em pesquisas.
Outras características de
personalidade, tais como busca de emoções fortes, audácia e insensibilidade a
punições, também podem distinguir aqueles com as características descritas no
especificador. Indivíduos com características descritas no especificador podem
ser mais propensos do que outros com transtorno da conduta a se envolver em
agressões planejadas para obter ganhos. Indivíduos com qualquer subtipo do transtorno
da conduta ou em qualquer nível de gravidade podem apresentar características
que os qualificam para o especificador "com emoções pró-sociais
limitadas", embora os com o especificador sejam mais propensos a ter o
tipo com início na infância e um especificador de gravidade classificado como grave.
Embora a validade do auto relato para avaliar a presença do especificador tenha
sido confirmada em alguns contextos de pesquisa, os indivíduos com transtorno
da conduta com esse especificador talvez não admitam prontamente que tenham
tais traços quando questionados em uma entrevista clínica. Consequentemente,
são necessárias informações de várias fontes para avaliar os critérios para o
especificador. Além do mais, considerando que os indicadores do especificador
são características que refletem o padrão típico de funcionamento interpessoal
e emocional dos indivíduos, é importante levar em conta relatos feitos por
outras pessoas que conheceram o indivíduo por longos períodos de tempo e em
diferentes relacionamentos e ambientes (p. ex., pais, professores, colegas de
trabalho, membros da família estendida, pares).
Características
Diagnósticas
A característica essencial do transtorno da
conduta é um padrão comportamental repetitivo e persistente no qual são
violados direitos básicos de outras pessoas ou normas ou regras sociais
relevantes e apropriadas para a idade (Critério A). Esses comportamentos se
enquadram em quatro grupos principais: conduta agressiva que causa ou ameaça
causar danos físicos a outras pessoas ou animais (Critérios Al a A7); conduta
não agressiva que causa perda ou danos a propriedade (Critérios A8 a A9);
falsidade ou furto (Critérios A10 a A12); e violações graves de regras
(Critérios A13 a A15). Três ou mais comportamentos típicos devem estar presentes
nos últimos 12 meses, com pelo menos um comportamento presente nos últimos seis
meses. A perturbação comportamental causa prejuízos clinicamente significativos
no funcionamento social, acadêmico ou profissional (Critério B). Em geral, o
padrão de comportamento está presente em vários ambientes, tais como casa,
escola ou comunidade. Como os indivíduos com transtorno da conduta têm uma
propensão a minimizar seus problemas comportamentais, o clínico frequentemente
deverá se basear em informantes adicionais. Entretanto, o conhecimento dos
informantes acerca dos problemas de conduta do indivíduo poderá ser limitado se
a supervisão for inadequada ou se o indivíduo ocultou comportamentos
sintomáticos. Indivíduos com o transtorno em geral iniciam comportamentos
agressivos e reagem agressivamente a outras pessoas. Podem fazer provocações,
ameaças ou assumir comportamento intimidador (incluindo bullying via mensagens
nas redes sociais por meio da internet) (Critério Al); com frequência iniciar
brigas físicas (Critério A2); utilizar armas que podem causar danos físicos
graves (p. ex., bastão, tijolo, garrafa quebrada, faca, arma de fogo) (Critério
A3); ser fisicamente cruéis com pessoas (Critério A4) ou animais (Critério A5);
roubar com confronto à vítima (p. ex., assalto, roubo de bolsa, extorsão, roubo
à mão armada) (Critério A6); ou forçar alguém a atividade sexual (Critério A7).
A violência física pode assumir a forma de estupro, violência ou, em casos
raros, homicídio. A destruição deliberada de propriedade de outras pessoas
inclui provocação deliberada de incêndios com a intenção de causar danos graves
(Critério A8) ou destruição deliberada da propriedade de outras pessoas de
outras maneiras (p. ex., quebrar vidros de carros, vandalizar propriedade escolar)
(Critério A9). Atos de falsidade ou furtos podem incluir invadir casas,
edifícios ou carros de outras pessoas (Critério A10); frequentemente mentir ou
quebrar promessas para obter bens ou favores ou evitar dívidas ou obrigações
(p. ex., "trapacear") (Critério Ali); ou furtar itens de valor
considerável sem confrontar a vítima (p. ex., furtos em lojas, falsificação,
fraude) (Critério A12).
Indivíduos com
transtorno da conduta também podem frequentemente cometer violações graves a
normas (p. ex., na escola, em casa, no trabalho). Crianças com o transtorno
costumam apresentar um padrão, iniciado antes dos 13 anos de idade, de ficar
fora até tarde da noite, a despeito da proibição dos pais (Critério A13). As
crianças podem apresentar também um padrão de fugir de casa, passando a noite
fora (Critério A14). Para ser considerada um sintoma de transtorno da conduta,
a fuga de casa deve ocorrer pelo menos duas vezes (ou apenas uma vez se o
indivíduo não retornar por um longo período de tempo). Episódios de fugas de casa que ocorrem como conseqüência direta de
abuso físico ou sexual geralmente não se qualificam para esse critério.
Crianças com transtorno da conduta frequentemente faltam às aulas,
comportamento que se inicia antes dos 13 anos (Critério A15).
Características
Associadas que Apoiam o Diagnóstico Sobretudo em situações ambíguas, indivíduos
agressivos com transtorno da conduta costumam inadequadamente perceber as
intenções dos outros como mais hostis e ameaçadoras do que realmente são e
responder com uma agressividade que julgam ser razoável e justificada.
Características de personalidade que incluem traços de afetividade negativa e
baixo autocontrole, incluindo baixa tolerância a frustrações, irritabilidade,
explosões de raiva, desconfiança, insensibilidade a punições, busca de emoções
fortes e imprudência frequentemente ocorrem de forma concomitante com o
transtorno da conduta. Uso problemático de substâncias com frequência é uma
característica associada, sobretudo em adolescentes do sexo feminino. Ideação
suicida, tentativas de suicídio e suicídios cometidos ocorrem a uma taxa mais
elevada do que o esperado em indivíduos com transtorno da conduta.
Prevalência
As estimativas de
prevalência na população em um ano variam de 2 a mais de 10%, com mediana de
4%. A prevalência do transtorno da conduta parece ser bastante consistente em
vários países com raça e etnia diferentes. As taxas de prevalência aumentam da
infância para a adolescência e são mais elevadas no sexo masculino do que no
feminino. Poucas crianças que apresentam um transtorno da
conduta que causa
prejuízo recebem tratamento.
Desenvolvimento
e Curso
O início do transtorno
da conduta pode ocorrer no começo dos anos pré-escolares, embora os primeiros
sintomas significativos costumem aparecer durante o período que vai desde a
fase intermediária da infância até a fase intermediária da adolescência. O
transtorno de oposição desafiante é um precursor comum do transtorno da conduta
do tipo com início na infância. O
transtorno da conduta pode ser diagnosticado em adultos, embora os sintomas
geralmente surjam na infância ou na adolescência, sendo raro o início depois
dos 16 anos. O curso do transtorno é variável. Na grande maioria das
pessoas, há remissão na vida adulta. Muitas em particular aquelas tipo com
início na adolescência e as com sintomas reduzidos e mais leves conseguem
atingir um ajuste social e profissional quando adultas. No entanto, o tipo com
início precoce é um preditor de pior prognóstico e de risco aumentado para
comportamento criminal, transtorno da conduta e transtornos relacionados ao uso
de substâncias na vida adulta. Indivíduos com o transtorno da conduta estão em
risco de apresentar transtornos do humor, de ansiedade, de estresse
pós-traumático, do controle de impulsos, psicóticos, transtornos de sintomas
somáticos e transtornos relacionados ao uso de substâncias quando adultos. Os
sintomas do transtorno variam de acordo com a idade à medida que o indivíduo
desenvolve força física, capacidades cognitivas e maturidade sexual. Os
primeiros comportamentos sintomáticos tendem a ser menos graves (p. ex.,
mentiras, furtos em lojas), ao passo que os problemas de conduta que surgem
posteriormente tendem a ser mais graves (p. ex., estupro, roubo confrontando a
vítima). Entretanto, há diferenças acentuadas entre os indivíduos, com alguns
se envolvendo em comportamentos mais danosos em idades mais precoces (o que
prediz pior prognóstico). No momento em que as pessoas com o transtorno da
conduta atingem a vida adulta, os sintomas de agressão, destruição de
propriedades, falsidade e violação de regras, incluindo violência contra
colegas de trabalho, parceiros e crianças, poderão surgir no local de trabalho
e em casa, de forma que a presença de um transtorno da personalidade
antissocial pode ser considerada.
Fatores
de Risco e Prognóstico Temperamentais
Os fatores de risco
temperamentais incluem temperamento infantil de difícil controle e inteligência
abaixo da média, principalmente no que diz respeito ao QI verbal.
Ambientais
Os fatores de risco
familiares incluem rejeição e negligência parental, prática inconsistente para
criar os filhos, disciplina agressiva, abuso físico ou sexual, falta de
supervisão, institucionalização precoce, mudanças freqüentes de cuidadores,
família excessivamente grande, criminalidade parental e determinados tipos de
psicopatologia familiar (p. ex., transtornos relacionados ao uso de
substâncias).
Os fatores de risco em nível comunitário incluem rejeição pelos pares,
associação com grupos de pares delinqüentes e exposição a violência na
vizinhança.
Ambos os tipos de
fatores de risco tendem a ser mais comuns e graves em indivíduos com transtorno
da conduta do subtipo com início na infância.
Genéticos
e fisiológicos
O transtorno da conduta
sofre influências de fatores genéticos e ambientais. O risco é maior em
crianças com pais biológicos ou adotivos ou irmãos com esse transtorno. Ele
também parece ser mais comum em crianças com pais biológicos com transtorno por
uso de álcool grave, transtornos depressivo e bipolar ou esquizofrenia ou com
pais biológicos com história de TDAH ou transtorno da conduta. Uma história
familiar caracteriza especialmente os indivíduos com transtorno da conduta do
subtipo com início na infância. Frequências cardíacas mais lentas no repouso
foram consistentemente observadas em indivíduos com o transtorno, na comparação
com pessoas saudáveis, sendo que esse marcador não é característico de nenhum
outro transtorno mental. Redução no condicionamento autonômico do medo, em
particular baixa condutância da pele, também está bem documentada. No entanto,
esses achados psicofisiológicos não são diagnósticos do transtorno. Diferenças
estruturais e funcionais em regiões do cérebro associadas à regulação e ao
processamento do afeto, em particular conexões frontotêmporo-límbicas
envolvendo o córtex pré-frontal ventral e a amígdala, foram observadas de forma
consistente em indivíduos com transtorno da conduta na comparação com pessoas
saudáveis. Os achados de neuroimagem, entretanto, não são diagnósticos do
transtorno.
Modificadores
do curso
A persistência é mais
provável em indivíduos com comportamentos que preenchem os critérios para o
subtipo com início na infância e para o especificador "com emoções
pró-sociais limitadas". O risco de persistência do transtorno da conduta
também aumenta com a comorbidade com o TDAH e com o abuso de substâncias.
Questões
Diagnósticas Relativas à Cultura
O diagnóstico de
transtorno da conduta pode ser incorretamente aplicado a indivíduos que vivem
em ambientes nos quais os padrões de comportamento disruptivo são considerados
quase normais (p. ex., em áreas de crime altamente ameaçadoras ou em zonas de
guerra). Portanto, o contexto em que os comportamentos indesejáveis ocorreram
deve ser levado em consideração.
Questões Diagnósticas
Relativas ao Gênero
Indivíduos do sexo
masculino com o diagnóstico de transtorno da conduta frequentemente apresentam
brigas, roubo, vandalismo e problemas de disciplina escolar. Pessoas do sexo
feminino com o diagnóstico do transtorno são mais propensas a exibir
comportamentos como mentir, faltar aulas, fugir de casa, usar substâncias e se
prostituir. Enquanto no sexo masculino há uma tendência a demonstrar agressão
física e relacional (comportamentos que prejudicam os relacionamentos sociais
de outras pessoas), no sexo feminino há uma tendência a demonstrar relativamente
mais agressão relacional.
Conseqüências
Funcionais do Transtorno da Conduta
Os comportamentos do
transtorno da conduta podem provocar suspensão ou expulsão da escola, problemas
de adaptação no trabalho, problemas legais, doenças sexualmente transmissíveis,
gestação não planejada e lesões físicas causadas por acidentes ou brigas. Esses
problemas poderão impedir o indivíduo de freqüentar escolas regulares ou viver
na casa de pais biológicos ou adotivos. Com frequência, o transtorno da conduta
está associado a início precoce do comportamento sexual, consumo de álcool, tabagismo,
uso de substâncias ilícitas e atos imprudentes e arriscados. As taxas de
acidentes parecem ser maiores entre indivíduos com o transtorno em comparação
com pessoas saudáveis. Essas conseqüências funcionais do transtorno da conduta
são preditoras de problemas de saúde quando o indivíduo atinge a meia-idade.
Não é raro que as pessoas com o transtorno defrontem-se com o sistema jurídico
criminal em decorrência do envolvimento em comportamentos ilegais. O transtorno
da conduta é um motivo comum para encaminhamento para tratamento e com
frequência é diagnosticado em instituições de saúde mental para crianças, em
especial na prática forense. Esse tipo de transtorno está associado a prejuízo
mais grave e crônico do que aquele vivenciado por outras crianças referidas
para tratamento.
O Diagnóstico do Transtorno de
Conduta é realizado pelo psiquiatra infantil, e a intervenção (tratamento) é
recomendado uma intervenção multidisciplinar onde estão envolvidos o psiquiatra
infantil, o psicólogo e outros que forem necessários dependendo do caso e das
comorbidades, além claro do próprio paciente, família e escola. Mas vale
enfatizar que as intervenções mais eficazes, ou seja, com respostas melhores
são as intervenções já na faixa etária pré-escolar. Sendo
assim, o quanto antes o diagnóstico for realizado melhor será o prognóstico do
caso.

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